Arquitetura genética

     Se desde os anos 1970 se fala muito em engenharia genética, sem dúvida nenhuma os anos 1990 viram o ramo "Arquitetura genética" se desenvolver rapidamente. Ao contrario da relação engenharia (como construir) e arquitetura (como construir bem), a arquitetura genética estuda a maneira como os genes que tem efeito sobre caracteres fenotípicos, assim como de seus alelos, estão distribuídos no genoma e nas populações. O termo pode ser melhor entendido através de alguns modelos a respeito da influência de diferentes genes sobre um caráter métrico ou quantitativo.

Arquitetura genética do Tipo 1

     Nesse modelo, existem muitos genes distribuídos ao longo do genoma e cada um deles apresentam alelos cujo efeito no genoma é muito pequeno. Esse é o modelo clássico de Fisher, que permeou a Genética quantitativa durante muito tempo.

Arquitetura genética do Tipo 2

     Nesse modelo, existem poucos genes onde cada um deles apresenta alelos cujo efeito no genoma é apreciável. Esse modelo é mais próximo do pensamento mendelista, com alguma modificação por parte de Wright, que adiciona um série de interações epistáticas.

Arquitetura genética do Tipo 3

     Nesse modelo estão incluídos organismos que tem parte ou todo o genoma duplicado ou multiplicado. A existência de duplicações gênicas é agora reconhecida como sendo mais regra do que exceção, depois da publicação dos resultados de sequenciamento de genomas inteiros.

Arquitetura mista

     Embora isso seja bastante especulativo, o mais provável é que talvez não haja um tipo de arquitetura predominante por tipo de caráter ou de organismo, a arquitetura genética talvez seja o resultado de uma combinação de forças seletivas que ocorreram no passado de cada uma das espécies.

Locos ou alelos?

     Normalmente se fala em "locos de grande efeito" para se designar locos onde alelos que estejam segregando causem diferenças grandes nos diversos genótipos. Isso não é absoluto de forma alguma. Vamos supor que exista, em uma população, no loco A, dois alelos: A1 e A2 de tal forma que as diferenças causadas pelos genótipos sejam mínimas. Em uma outra população pode haver, no memso loco, os alelos A1 e A3, de tal forma que, por exemplo, indivíduos A3A3 sejam muito diferentes com relação aos indivíduos A1A1 e A1A3. Pode haver ainda, em uma terceira população, um outro alelo, A4, que segregue onde os genótipos sejam tão diferentes que suas diferenças fenotípicas sejam, em média, maior que 3 desvios padrões, ou seja, apresentam variação descontínua! Isso é possível perfeitamente, e existem vários exemplos. Isso acontece porque a variação genética pode ocorrer tanto em posições do gene sem diferenças fenotípicas (variação neutra) até causando a própria inatividade da molécula, pois as mutações podem ocorrer em posições críticas da molécula. Ainda pode haver polimorfismos de pequeno efeito em certas condições ambientais mas que apresentem grandes diferenças fenotípicas em condições ambientais diferentes.
 

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